07/05

A FARSA DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA.

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POR QUE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA NÃO TRARÁ EQUILÍBRIO NAS CONTAS PÚBLICAS? EU EXPLICO.

Tenho visto algumas manifestações sobre a reforma da previdência na imprensa local de Criciúma, buscando esclarecer ao povo a necessidade da mesma. Longe de mim, querer interferir nas opniões dos jornalistas, mas como especialista na área, com especializações e atuando no ramo há quase vinte anos, posso lhes dizer com tranquilidade, que a reforma da previdência é uma grande FARSA. Primeiro, porquê não resolve a questão das contas públicas, já que o que compromete o orçamento da União, não é a seguridade social e sim, os juros da dívida pública, que consomem quase a metade do orçamento do governo federal, já que a taxa SELIC, que de regra remunera os empréstimos do governo federal, no Brasil é muito alta. A previdência social, consome 20% do orçamento federal, sendo que destes 20% quase metade (10% mais ou menos) são do setor público. O que mais gera deficit no setor público são os militares, quase 40% do deficit, em razão das altas aposentadorias, com paridade e integralidade além de regras próprias, com transferências a outras classes de familiares. E eles não vão entrar na reforma, pasmém! Outro ponto é o alto pagamento de aposentadorias no setor público, sendo que a média de aposentadorias no poder legislativo e judiciário é acima de 25.000 reais, no MP acima de 30.000 reais e no executivo acima de 10.000 reais. Uma verdadeira transferência de renda dos pobres e da classe média para os ricos. Gasta-se com o setor público com 1.000.000 (UM MILHÃO) de aposentados o mesmo que se gasta no regime geral com 30.000.000 (TRINTA MILHÕES). A média do RGPS (INSS) é de apenas 1.500,00 reais sendo que o sistema pelos dados do governo é superavitário, como a ANFIP tem divulgado e defendido abertamente. Logo, a reforma vem mexer e alterar na parte mais pobre da população e dentro de 100% de um orçamento ela vem ter um feito apenas em mais ou menos 16% do mesmo e a longo prazo, pois os militares estão fora. Ora, como alterar o orçamento em mais ou menos 16% com alterações de longo prazo para surtirem efeitos e dizer ao povo que as contas públicas serão equilibradas? É MENTIRA. O que vai equilibrar as contas públicas é a volta do crescimento econômico, é uma maior arrecadação, e a diminuição da taxa SELIC, que remunera a dívida pública. A reforma visa tornar a previdência menos atrativa ao povo (quase inalcansável), com o objetivo de fazer com que as pessoas busquem o mercado financeiro para comprarem aposentadorias privadas, já que mesmo com o desemprego, estamos em faixa etária bem produtiva, pois 70% do povo brasileiro está entre 19 e 70 anos. É um bom momento etário para os bancos venderem aposentadorias privadas. A reforma visa apenas beneficiar os bancos e não resolve o problema das contas públicas.

Fábio Colonetti, Advogado.

03/04

REAFIRMAÇÃO DA DER.

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REAFIRMAÇÃO DA DATA DE ENTRADA DO REQUERIMENTO DE APOSENTADORIA. REAFIRMAÇÃO DA DER

A  DER é a entrada do requerimento de aposentadoria ou benefício junto ao INSS. É fixada como regra geral, na data em que o segurado postula seu benefício perante a agência do INSS.

Com a informatização e o atendimento por meio de agendamento pelo canal 135 ou pelo site do INSS, fica estabelecido que a data em que foi feito o agendamento é a data em que a DER é estipulada, nos termos da Instrução Normativa 77, como segue:

Art. 669. Qualquer que seja o canal de atendimento utilizado, será considerada como DER a data de solicitação do agendamento do benefício ou serviço, ressalvadas as seguintes hipóteses:

I –  caso não haja o comparecimento do interessado na data agendada para conclusão do requerimento;
II – nos casos de reagendamento por iniciativa do interessado, exceto se for antecipado o atendimento; ou

strongemIII – no caso de incompatibilidade do benefício ou serviço agendado com aquele efetivamente devido, hipótese na qual a DER será considerada como a data do atendimento./em/strong

No entanto, há situações em que o segurado faz o seu agendamento, mas na data deste agendamento ainda não reúne os requisitos para ter acesso ou direito ao benefício almejado, seja aposentadoria ou outro benefício. Como exemplo, um trabalhador que tenha 64 anos e 10 meses na data do agendamento e busca sua aposentadoria aos 65 anos, por idade. No entanto, na data do atendimento, já contará com 65 anos de idade, pois em muitas agências a data de atendimento está para mais de dois meses do agendamento do serviço.

Nesta hipótese, deve o INSS reafirmar a DER, informando ao segurado que na data do agendamento ele ainda não reunia o direito, mas que na data do atendimento, reúne. Assim, a data do pedido ou DER, não será a do agendamento, mas sim a data do atendimento, ou a data em que o segurado completou 65 anos, se mais benéfico para o mesmo.

Esta disposição, está prevista  no artigo 690 da mesma IN  77:Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado que na DER o segurado não satisfazia os requisitos para o reconhecimento do direito, mas que os implementou em momento posterior, deverá o servidor informar ao interessado sobre a possibilidade de reafirmação da DER, exigindo-se para sua efetivação a expressa concordância por escrito.

Reputo importante este mecanismo, na medida em que ocorre um aproveitamento do processo administrativo, com economia processual,  respeitando-se o agendamento feito pelo segurado, gerando ainda economia para a administração pública, fazendo com que o processo administrativo tenha uma finalidade mais exitosa para a administração e para o administrado, evitando o ônus de novo trâmite de outro processo administrativo.

FÁBIO COLONETTI. ADVOGADO OAB-SC 14241.

29/03

UMA CARTA AOS MEUS AMIGOS SOBRE O MOMENTO DO PAÍS

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UMA CARTA AOS MEUS AMIGOS

OBJETIVO DESTA MANIFESTAÇÃO

Os últimos acontecimentos políticos em nosso país tem me trazido certa preocupação. Vocês que me conhecem de forma mais próxima, sabem da minha posição contrária a estes acontecimentos, fruto de uma interferência forte do poder econômico rentista e vadio (bancos) e do poder político mais conservador, sendo a grande mídia o principal instrumento utilizado para deflagrar a mentira e estimular a cegueira que reina em parte da população brasileira, mormente sobre a mais abastada financeiramente, em sua maioria, não totalmente.

Por meio desta quero me aprofundar um pouco e explicar a razão das minhas posições, pois volta e meia vejo que sou mal compreendido e por falta de local adequado o debate político tem sido muito vulgar, superficial, desestimulante.

Então vou falar a vocês sobre pontos que eu considero importante refletirmos, que não se houve na mídia, pois esta tem seus objetivos cada vez mais claros: estar a serviço do poder econômico e impor a sua agenda de escassez ao povo brasileiro.

IMPORTÂNCIA DA PREVIDENCIA SOCIAL

Após a tomada do poder, o governo Temer que tem a sua base no partido PSDB, este juntamente com a ala mais conservadora do PMDB, têm imposto ao povo brasileiro uma agenda de restrição de direitos, sob o nome de reformas.

Assim, temos a dita reforma da previdência, que de reforma não tem nada, pois não ataca os pontos principais que precisam de melhoras, como o deficit gerado pelo setor público, sendo que mais de 40% dizem respeito as militares e forças armadas, o fim das desvinculações das receitas da União bem como as dívidas de grandes empresas com a seguridade social (bancos inclusive) que não são cobradas pelo governo.

A precarização da previdência social imposta pela agenda conservadora é um grande risco ao país, na medida que a previdência social é umas das colunas de sustentação da economia brasileira. Em algumas cidades do interior do nosso país, o valor que gira na economia destes municípios por conta dos benefícios previdenciários, supera o fundo de repasse ou participação aos municípios que vem do governo federal.

Vejam, para se ter acesso ao benefício você precisa trabalhar e contribuir, gerando riqueza, e após iniciar o recebimento do benefício você continua gerando riqueza, pois o consumo feito com o valor do benefício movimenta o comércio e a industria e gera arrecadação aos governos. É um sistema fantástico de distribuição de renda, solidário, porém contributivo, onde todos contribuem para todos.

A precarização deste sistema solidário, além de nos deixar mais vulneráveis em nossa velhice, vai ter um impacto imenso na economia, pois com menos dinheiro dos benefícios no mercado que foram conquistados pelo trabalho de cada um, o resultado será mais escassez, menos vendas, menos produção, menos arrecadação. Uma política que produzirá miséria, pobreza onde todos perderão.

E uma população carente financeiramente ou desassistida poderá ter uma saída nada digna, que é a busca de crédito no sistema financeiro com altos juros, ou o caminho perigoso das aposentadoria privadas, que seguem regras de mercado, com pouca segurança aos contribuintes, objetivo este aliás, maior desta reforma.

Assim, é urgente a conscientização de mantermos uma previdência sólida e exigirmos do governo que faça uma verdadeira reforma, que não a torne obsoleta ou desinteressante à população, mas sim, uma reforma que busque a receita que os poderosos deste globo devem a nossa seguridade social.

IMPORTÂNCIA DOS DIREITOS TRABALHISTAS

Neste ponto, talvez um pouco polêmico, também sou contra as ditas reformas que visam restringir direitos dos trabalhadores, pois menos direitos e salários mais baixos, a conseqüência natural será menos dinheiro circulando, o que gerará mais crise financeira, pois menor será o consumo e o poder de compra dos trabalhadores.

Logo, perde o comércio e a industria e perdemos também com a arrecadação de impostos e tributos, que são necessários para a consecução dos objetivos da administração pública, apesar da constante mal aplicação dos recursos e de práticas ilícitas de desvio de finalidade na aplicação do dinheiro público.

Mas respeitando sempre opiniões opostas, não vejo os direitos trabalhistas como óbice a industria e ao emprego. O que pode gerar o desemprego, além de outros fatores, é justamente a perda de compra do trabalhador, pois no fim da cadeia é ele quem consome os produtos e serviços. É ele quem gera a riqueza do país. Esta agenda de restrição, produzirá ainda mais carência e escassez. E quando digo trabalhador, me refiro a todos nós.

Posso neste ponto falar da minha experiência, sou advogado e empresário há mais ou menos 18 anos. Fico feliz, quando depósito o FGTS de meus empregados, quando pago um décimo terceiro ou as férias remuneradas. Sei que isto aumenta o poder de compra dos mesmos, trazendo mais qualidade de vida e é também um momento de dividir com eles um pouco da riqueza produzida pelo meu empreendimento. Este dinheiro que entrará no mercado, vai movimentar uma lanchonete, um restaurante, uma compra no comércio,

que por sua vez vai desencadear a produção de algo na industria, e vai produzir alguma arrecadação de imposto, ou seja, vai gerar riqueza.

Logo, uma política de restrição de direitos sob o pretexto de que os direitos trabalhistas inviabilizam ou dificultam empregos não pode por mim ser aceita e a minha experiência pessoal e a de pessoas próximas demonstra isto. O que vejo, são negócios mal planejados, empresas e negócios sendo abertos sem a devida análise de mercado, pessoas se aventurando, não calculando bem o preço de serviços e produtos, o que diante de uma carga tributária forte que há no país e da concorrência natural do livre mercado (pode haver outros fatores), desencadeia-se o processo de falência ou de interrupção do negócio. Agora atribuir isto ao décimo terceiro ou ao FGTS, é uma falta de inteligência, a meu ver.

ALTA CARGA TRIBUTÁRIA. A SELIC. A DÍVIDA PÚBLICA

Neste ponto, quero ser solidário a todos que vêm a carga tributária como alta e desgastante para a produção. Isto é uma grande verdade. A dívida pública brasileiro nos anos 90 chegou a quase 70% do PIB. De 2003 a 2013, a mesma motivada por uma agenda de produção e crescimento, com boa arrecadação, chegou a ser reduzida para 38% deste PIB. No entanto, ela volta a crescer e hoje além da alta carga tributária que já existe o governo acena para novo aumento de impostos.

Isto se deve à baixa arrecadação atual, motivada pela crise política e financeira que o país atravessa, que tem fatores regionais e macro regionais, como a baixa do preço do petróleo e das commodities e a baixa no consumo de países emergentes, como a China, que gerou reflexos em toda a economia mundial a partir de 2014.

Mas o grande problema é como que esta dívida pública é administrada. Quando o governo precisa de dinheiro em razão da baixa arrecadação ele vai ao mercado financeiro e emite títulos que são remunerados pela taxa Selic. Esta taxa já chegou a 14% e hoje esta em 12,25% ao ano. Assim, a cada ano, a dívida pública recebe a incidência da SELIC e se o governo não consegue dinheiro na arrecadação para amortizar esta dívida, vai em busca de arrecadação por meio de mais carga tributária, mais aumento de impostos. Mas quem define a SELIC? Bom é o Banco Central, por meio de um comitê chamado COPOM sendo o presidente do Banco Central o presidente deste. E o presidente do banco central é um banqueiro, de regra, hoje é um dos sócios do ITAU, o Sr. Ilan Goldfajn, nascido em Israel.

Logo, são os maiores credores do governo quem definem a taxa SELIC, que remuneram a dívida que o país tem com o sistema financeiro. Esta divida, bem como os juros sobre a mesma, estimula o aumento de impostos e a necessidade de uma carga tributária alta, também, principalmente sobre a produção. Há outros fatores também, mas que aqui não quero me alongar.

E ainda esta situação de maior credor, traz aos bancos o controle da política monetária, com forte influencia sobre os próprio o governo e sobre os legisladores, deputados e senadores.

Por exemplo, quando um banco empresta dinheiro ao outro, em operações de um dia, chamadas OVERNIGHT, este empréstimo também é remunerado pela SELIC, mas este mesmo dinheiro que os bancos pegam emprestado um do outro pela SELIC, é emprestado ao consumidor com juros bem mais altos, quase 10 vezes mais que a SELIC e ainda ao mês, ou seja, a taxa de juros que o banco quiser, a taxa contratada, o que demonstra que a legislação brasileira para o capital financeiro é muito mas muito boa e flexível. Podem tudo e agora mesmo, na atual composição do governo, podem muito mais!

Não é por outra razão que estamos diante de uma avalanche de alterações legislativas que lesam o povo em benefício apenas do capital vadio, rentista dos bancos. Uma população à margem da miserabilidade é uma população dependente do sistema financeiro, gerando apenas mais concentração de renda a poucos e pobreza a muitos. Logo, todas estas reformas são pautas dos credores, ou seja, dos bancos. Não visam melhorar a situação da maioria do povo, mas sim, impor ao povo um limite de renda, onde ele necessite de crédito constante, sendo cada vez mais dependente do sistema financeiro.

Por estas e outras razões que sou contra este movimento político atual, pois as alterações na legislação não visam estimular a produção, o trabalho, mas sim, abrir cada vez mais espaço para que os bancos vendam seus produtos e serviços, o que resultará numa forte concentração de renda e pobreza a milhares de pessoas.

Confesso que tentei aqui, escrever de um modo simples, para que todos possam entender e reconheço que o debate é ainda mais profundo e existem outros pontos a serem aprofundados nos temas aqui postos, mas entendo ser ao menos uma boa parte do resumo de tudo que está acontecendo.

Ressalvo e respeito sempre, a opinião contrária de quem quer que seja.

Um abraço a todos.

Fábio Colonetti, Cidadão, Contribuinte, Pai de Família, Amigo, Colega, Advogado OAB-SC 14241 e sonhador.